Ela sentada na escrivaninha, com o olhar fixo à tela do computador pensando no que irá escrever. Ele deitado na cama, sem camisa, pedindo atenção. Ela, como de costume, bate levemente os dedos nas teclas, não para digitar, apenas para fazer barulho.
-Vem logo para a cama me dar um pouco de carinho.
-Você pode parar de pensar em me comer só por um minuto?
Ela continua:
-Desde o ''incidente'' de duas semanas atrás você só pensa nisso. Não sou movida a cama. Eu preciso de carinho, agora mais do que nunca. Você é meu amigo, deveria saber disso.
-Se você não estivesse com as sobrancelhas tão franzidas eu iria agora mesmo aí, sentaria no teu colo e te aconchegaria nos meus braços. Mas prefiro esperar vinte segundos mais para não correr o risco de levar um chute, um soco ou tapa.
Ela sorri e solta uma gargalhada. Ele se levanta, caminha até ela e senta em seu colo. Eles ficam frente a frente encarando-se. Ele a protege em seus braços. Ela sente o cheiro dele e se sente segura. Suas mãos quentes tocam o rosto macio dela. As repirações se aproximam e formam um só ritmo, uma só melodia. Os labios se tocam; é uma explosão de sentimentos... Sentimentos amigos. Ela acaricia seu cabelo macio e curto; abraça suas costa magras e brancas. Ele beija o pescoço dela com tal delicadeza, como se um movimento brusco o quebrasse em mil pedaços. Ela se afasta e olha nos olhos dele; ele retribui.
Ele sabe que ela sofre por outro. Ela não sabe que ele a ama; como amor e como amiga ao mesmo tempo... Amiga acima de tudo.
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